Sob o seu comando e fruto também da dedicação e competência dos seus homens, não havia fogo que resistisse. Cada directriz emanada por si - com a natural segurança que irradiava da sua forte personalidade e liderança, porque dominava, desusadamente, toda a técnica - era garantia de sucesso e o bastante. Note-se, pois, as poucas ou quase mesmo inexistentes vezes em que os Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém (BVAC) tiveram necessidade de recorrer ao apoio de corpos de bombeiros congéneres para os apoiar nos sinistros ocorridos na sua área de actuação própria.
A foto que publicamos, tirada, tanto quanto nos parece, numa fase de rescaldo, apresenta-nos o Comandante Lage, de costas, envergando a sua habitual farda de trabalho, o que várias vezes testemunhámos em pleno teatro de operações: fato macaco, botas de borracha, cinturão de argolas com pala e machado, e bivaque.
No Verão de 1953, a 7 de Agosto, por ocasião de um grande incêndio deflagrado na Serra da Carregueira, o "Diário de Notícias", destacava assim a acção do nosso homenageado:
"Tudo ardia - pinheiros, eucaliptos e restolho - em vasto braseiro envolvido pelo fumo. Era impossível suportar o calor. O crepitar das chamas tornava-se, de minuto a minuto, cada vez mais apavorante. Mesmo assim, os soldados, munidos de pás e ramos de árvores, lutavam desesperadamente, não para debelar o sinistro, o que se tornara impossível, mas para o limitar em certa área.
O fogo alastrava. Do Monte dos Penedos Pardos passou ao pequeno vale e galgou o Monte Suímo, presa fácil das chamas, por ali só haver mato e restolho. Poucos minutos bastaram para que a vegetação da altura em que estivera instalado o posto de observação dos exercícios militares ficasse completamente calcinada. E o fogo prosseguia, sempre mais além, até que chegou aos pinheiros próximos do Casal do Suímo, constituído por três casas, duas de habitação e uma destinada à recolha de animais. Para evitar que as edificações fossem destruídas, os bombeiros de Agualva-Cacém, coadjuvados pelos do Orfanato de Santa Isabel (Albarraque), lutaram arduamente. Primeiro, iam batendo no mato, os homens dispostos em filas, com ramos, enquanto trabalhadores, com enxadas, limpavam o terreno vizinho das casas de mato e restolho. Mas o fogo nem mesmo assim foi detido. Prevendo essa hipótese, o comandante sr. Artur Lage tinha de prevenção dois auto-tanques, cuja água foi então utilizada. E conseguiu-se, assim, evitar que o Casal fosse destruído."
Sabe-se que, neste incêndio, intervieram 47 elementos e 4 viaturas dos BVAC.
Pesquisa/Texto: LMB