FACTO 16

O Comandante Artur Lage viveu os maiores progressos técnico-operacionais verificados no seu tempo, em matéria do socorrismo confiado a bombeiros.

Quando admitido, a 6 de Novembro de 1932, os Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém (BVAC) dispunham apenas de uma bomba braçal, sistema aspirante-premente, colocada sobre um carro de duas rodas movido pelo próprio pessoal. A par disso, o pouco apetrechamento que restava resumia-se a escadas e espias.

No espaço de menos de um ano, viu entrar ao serviço o primeiro veículo automóvel. E desde então nunca mais deixou de testemunhar a gradual sofisticação do material, tanto ao nível do serviço de incêndios como do serviço de saúde.

Neste facto damos a conhecer os primitivos meios de acção dos BVAC, permitindo-nos destacar, pelo impacto que teve na rápida resposta às solicitações, o pronto-socorro Hudson, segundo julgamos saber, modelo Super Six, dos anos 20.

Nele, por exemplo, Artur Lage seguiu para o grande incêndio do Palácio de Queluz, deflagrado em 4 de Outubro de 1934, sinistro no qual o então Bombeiro de 3.ª Classe se destacou com risco da própria vida.

O pronto-socorro Hudson, que antes servira como viatura de turismo, entrou oficialmente ao serviço no dia 10 de Setembro de 1933, data da sua inauguração, o que aconteceu em ambiente festivo e serviu de pretexto para a realização de um simulacro de incêndio numa habitação.

A aquisição do chassis representou um investimento de dois mil e quinhentos escudos, verba apurada através da organização de diferentes iniciativas de recolha de fundos.

O carroçamento esteve a cargo dos próprios bombeiros, que o executaram nas instalações do quartel-sede.

Tal como a generalidade dos pronto-socorros da época, não contemplava depósito de água, pelo que o combate aos incêndios exigia uma grande resistência física da parte dos voluntários. Consistia, na prática, num transporte de pessoal e material.

Quando possível, a água era obtida de poços, ribeiras e de outros mananciais próximos dos locais sinistrados com recurso a chupadores que, ligados à bomba manual já existente e entretanto montada no referido veículo, permitiam alimentar as mangueiras munidas de agulhetas.

Naquele tempo, os incêndios em habitações ocorriam de modo pouco frequente, predominando os incêndios rurais e florestais. Na falta de melhor agente extintor, o pessoal combatente, disposto em filas, procedia ao batimento do fogo com ramos de árvores.

Somente no final dos anos 30 veio a ser adquirido a primeira moto-bomba, colocada sobre um novo pronto-socorro, que embora carroçado de acordo com os requisitos em voga, também não oferecia condições de autonomia de água.

O primeiro pronto-socorro dotado de tanque e bomba acoplada foi inaugurado em 11 de Outubro de 1952. Carroçado sobre um chassis marca Chevrolet, tinha capacidade para transportar mil litros de água, enfileirando entre as viaturas mais modernas dos bombeiros portugueses.


Pesquisa/Texto: LMB